sábado, 31 de março de 2012

ANIVERSÁRIO DA IBRC
"MARCAS DE UMA IGREJA SAUDÁVEL"
Preletor: Pr. José Roberto
RESUMO DAS MENSAGENS
MENSAGEM

TEMA: Marcas de uma Igreja saudável
Não existe igreja perfeita neste mundo. Mas há igrejas saudáveis, e estas são conhecidas por algumas marcas. Quais são essas marcas?
Mark Dever apresenta nove marcas em seu livro. Eu gostaria de apresentar apenas três nesta conferência- A pregação fiel da Palavra de Deus; a aplicação da disciplina eclesiástica e evangelização.
A PREGAÇÃO FIEL DA PALAVRA DE DEUS É MARCA DE UMA IGREJA SAUDÁVEL.
Texto: Ezequiel. 37:1-14
Por que a pregação fiel da palavra de Deus é marca de uma igreja saudável?
Vejamos três razões?
I. Porque a Palavra de Deus vivifica.
    1. Deus mostra ao profeta que o instrumento de restauração é a Palavra. Depois de o Senhor perguntar se aqueles ossos poderiam reviver, a ordem dada foi que Ezequiel profetizasse.
    1. Depois que o profeta fala, os ossos se juntam e são revestidos de tendões, pele e carne. Mas ainda estão sem vida. Mais uma vez Ezequiel profetiza, e aí os mortos são vivificados. Por isso, podemos dizer que a Palavra vivifica.
    2. A palavra de Deus dá vida tanto no aspecto físico quanto espiritual. Em Hebreus 11:3, diz que Deus formou o universo pelo poder de sua Palavra. Em Tiago 1:18, o autor declara que segundo o querer de Deus, Ele nos gerou pela palavra da verdade. O apóstolo Pedro afirma ainda que os crentes foram gerados de semente incorruptível, mediante a palavra de Deus (1Pe.1:23). Paulo diz que a fé vem pela pregação, e a pregação pela palavra de Cristo. (Rm.10:17). Essa fé na pessoa e obra de Jesus Cristo é que traz vida ao pecador que está morto em seus delitos e pecados (Efésios 2:1).
    3. Aplicação:
      1. Uma vez que a palavra de Deus vivifica e que o homem sem Cristo está morto, a pregação dessa palavra é marca central de uma igreja saudável. Igreja onde a palavra de Deus não é pregada fielmente não tem vida, nem pode ajudar pecadores a serem vivificados espiritualmente.
      1. A pregação fiel da palavra de Deus lembra aos pregadores que somos instrumentos nas mãos de Deus. Não há espaço para a autoexaltação nem para o desleixo. Há sim uma certeza de que estamos com a ferramenta certa para levar o pecador à vida.
II. Porque a Palavra de Deus nos fortifica.
    1. A visão de um vale de ossos secos mostrou a Ezequiel que a Palavra de Deus vivifica. Só que toda essa verdade apresentada tinha como propósito fortalecer os judeus cativos na Babilônia. Eles diziam que seus ossos haviam se secado, e que sua esperança tinha perecido (vs.11).
    2. Deus queria fortalecer seu povo com esta mensagem de esperança. O Senhor iria abrir a sepultura deles e os faria sair de lá, levando-os à terra de Israel.
    3. O livro de Ezequiel está repleto de repreensões contra Israel e outras nações, mas os capítulos 36 e 37 trazem uma palavra de esperança, a fim de que os judeus sejam fortalecidos.
    4. O salmista compreendia bem esse papel da Palavra de Deus, por isso diz: a minha alma, de tristezas, verte lágrimas; fortalece-me segundo a tua palavra.” (119:28). Ele se sente abatido, fraco. Por isso, pede força. Ele sabe que a Palavra pode lhe dar.
    5. Há muitos outros exemplos da Palavra de Deus fortificando pessoas:
      1. Palavras de Deus a Josué (1:7).
      1. Palavras sobre provações de Tiago (1:2-4) e Pedro (1Pedro1:3-9).
      2. Palavras do autor de Hebreus sobre o cuidado de Deus (13:5).
    1. A Palavra de Deus nos fortifica por ser alimento para nossa alma (Mt. 4:4).
    2. A pregação da Palavra de Deus fortifica a igreja contra falsos ensinos. Por isso, Paulo exorta Timóteo a pregar regularmente (2Tm.4:2).
    3. Aplicação:
1. A pregação é uma oportunidade para doutrinar os crentes, fortalecendo-os na fé. Igreja que não ouve doutrina sólida se tornará raquítica e presa fácil de falsos ensinos.
2. Às vezes a igreja está precisando de uma palavra de ânimo, de encorajamento, para ser fortalecida. Não é porque muitos pregadores abusam disso que vamos utilizar o púlpito apenas para “descer a lenha”.
III. Porque a palavra de Deus nos santifica (Jo. 17:14-19)
    1. Ao rogar ao Pai pelos seus discípulos, Jesus pede que estes sejam santificados na verdade, que é a Palavra de Deus.
    1. A palavra de Deus é o instrumento pelo qual nos santificamos. É por ela que sabemos do que devemos nos separar para nos dedicar a Deus.
    2. O salmista pergunta: De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? E a resposta é: Observando-o segundo a tua palavra. (Sl. 119:11).
    3. Observe o grande exemplo da reforma espiritual através da Palavra de Deus nos dias do rei Josias (2Crônicas 34). A nação judaica santificou-se novamente ao Senhor.
    4. A utilidade e propósito das Escrituras em 2Timóteo 3:16-17 remetem para santidade.
    5. Quando Deus tirou o povo de Israel do Egito, deu-lhes leis que expressavam seu caráter santo. Moisés leu novamente toda a palavra de Deus antes que Israel entrasse na terra prometida, para que a nação judaica vivesse em santidade, separada dos costumes e deuses cananeus.
    6. Os escritores bíblicos usaram a Palavra de Deus para levar seus ouvintes à santidade (1Pedro. 1:15-16; 1Coríntios 6:18-20)
    7. Aplicações:
      1. Uma igreja em que os membros não vivem nem são instruídos acerca da santidade é uma igreja enferma, imunda.
      1. A Palavra de Deus, que é a verdade, deve ser o padrão de nossa santidade.
      2. Quando a Bíblia fala em santidade, envolve todos os aspectos de nossa vida, e não somente à questão sexual. Alguns pensam que esse é o único aspecto que a santidade se refere e, por isso, acabam sonegando impostos, caluniando, rebelando-se, etc.
Portanto, a pregação fiel da Palavra de Deus é marca central de uma igreja saudável, porque a Palavra de Deus vivifica, nos fortifica e nos santifica.
Cabe a cada crente acolher com mansidão essa bendita Palavra, como diz Tiago. Não seja desconfiado, indiferente nem ouvinte negligente.
Cabe aos pastores pregarem fielmente a Palavra, sabendo que ela cumprirá aquilo para o que foi designada. Quando perguntaram a Martinho Lutero acerca de suas realizações como reformador, ele respondeu: “Simplesmente ensinei, preguei, escrevi a Palavra de Deus. Não fiz nada... A Palavra fez tudo”.
Que esta seja a nossa confiança!

MENSAGEM
TEMA: Marcas de uma igreja saudável
Sub-tema: Aplicação da disciplina bíblica
A disciplina eclesiástica parece ser um tema negativo, principalmente no que diz respeito à exclusão de um membro. Mas só parece, pois, se analisarmos bem os propósitos da disciplina bíblica, mudaremos de ideia.
UMA IGREJA SAUDÁVEL É MARCADA PELA APLICAÇÃO DA DISCIPLINA BÍBLICA.
Qual o propósito, a finalidade da disciplina bíblica?
Vejamos quatro propósitos da disciplina bíblica.
Texto: 1Co.5:1-13
A igreja saudável aplica a disciplina bíblica...
I. Para o bem da pessoa disciplinada (1-5)
  1. O homem aqui estava cometendo incesto, um pecador que até os que não eram da igreja condenavam.
  1. Seu pecado é tido como uma infâmia (vs.3)
  2. Paulo chama a igreja para excluir essa pessoa para que a mesma possa ser levada em algum momento ao arrependimento. (vs.5)
  3. Por isso a disciplina é prova de amor:
- Palavras de Jesus. “Eu repreendo e disciplino a quantos amo...” (Ap.3:19).
- “Porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.” (Hebreus 12:6).
E) Aplicação:
1. Uma vez disciplinado, o crente tem uma melhor oportunidade para refletir sobre seu pecado e abandoná-lo. Que bem fazemos ao irmão!
2. Infelizmente algumas igrejas colocam os laços afetivos e antiguidade de alguns membros acima da disciplina bíblica. Enquanto pensam que estão fazendo um bem, na verdade estão atentando contra a vida do irmão, demonstrando que não querem seu arrependimento nem sua restauração.
3. Alguns crentes não admitem seus pecados, suas ofensas de tão cauterizados que estão. Proclamam aos quatro ventos sua “consciência tranqüila”. A igreja faz um enorme bem, mostrando-lhe que aquela sensação de “leveza” não é coerente com suas atitudes à luz da Escrituras, que é nosso padrão para julgarmos alguém, e não a consciência dele.
II- Para o bem da própria igreja (6-7)
  1. Paulo usa a ilustração do fermento para mostrar à igreja que negligência dos coríntios em julgar aquele assunto traria enormes conseqüências para toda a igreja. O fermento, como ainda hoje, era usado para fazer crescer o pão. Bastava um pouco para levedar toda a massa.
  2. Paulo ordenou que os líderes que vivessem pecado fossem repreendidos na presença de toda a igreja, para que houvesse temor (1 Tm. 5:20). Esse temor serviria como uma resistência contra o crescimento do mal dentro da assembleia.
  3. O apóstolo cita, em 1Coríntios 10:9-11, o exemplo dos israelitas que foram disciplinados no deserto, dizendo que aquilo tinha sido escrito para a nossa advertência. Isso pressupõe uma medida contra o alastramento do pecado no meio do povo de Deus.
  4. Aplicação:
    1. A igreja não pode ser saudável deixando uma moléstia espiritual alastrar-se em seu seio. A disciplina, portanto, tem uma finalidade coletiva também. Não visa apenas ao doente; ela causa um efeito preventivo.
    1. Não disciplinar um membro que precise dessa medida é colocar em risco todo o rebanho.
    2. Um pecado não tratado é incentivo para outros praticá-lo.
III- Para o bom testemunho da igreja (5:1)
  1. O pecado daquele membro era vergonhoso até para os incrédulos. O incesto era proibido pelas leis judaicas e romanas. E olha que estamos falando de uma igreja sediada numa cidade altamente imoral. O templo de Afrodite tinha mil prostitutas cultuais que praticavam sexo. Marinheiros de todo o mundo aportavam ali para praticar orgias.
  2. Não queremos dizer que o mundo é o parâmetro da igreja, mas se a igreja permite aquilo que ela condena, perderá sua credibilidade, pois está agindo hipocritamente. (vs. 12; comparar com Rm 2:22-24).
  3. Os crentes julgarão o mundo (6:12, 2). Mas onde estará a credibilidade da igreja para isso, se ela não julga nem os seus membros?
  4. Aplicação:
- A igreja deve ser vista não apenas como um hospital, mas também como um tribunal.
- Se a igreja vive da mesma forma que o mundo, as pessoas não terão perguntas a nos fazer.
- Se vivermos da mesma forma que o mundo, não teremos exemplo para acompanhar nossas crenças.
- Se a igreja não aplicar a disciplina bíblica, quando necessária, perderá seu testemunho.
IV- Para glorificar a Deus (1Pe.2:11-12)
  1. Pedro nos diz que o bom procedimento dos cristãos glorifica a Deus. O apóstolo não está falando da disciplina propriamente, mas quando a igreja disciplina alguém, ela glorifica a Deus, pois a disciplina visa à correção do mau procedimento de um crente.
  2. Quando a igreja não disciplina, ela se posiciona contra Cristo, ao invés de glorificá-lo. (Ap. 2:14).
  3. Aplicação:
- Quando a igreja zela pelo seu bom testemunho, disciplinando um membro, ela mostra que zela também pelo nome de Deus.
Portanto, uma igreja saudável é marcada pela aplicação da disciplina bíblica. Apresentamos quatro propósitos dessa disciplina. Que nossas igrejas levem a sério tal princípio. Do contrario, resta-nos pensar como John Dagg, que disse: “Quando a disciplina deixa uma igreja, Cristo a acompanha”.

3ª MENSAGEM
TEMA: Marcas de uma igreja saudável
Sub-tema: Evangelização como marca de uma igreja saudável
A maioria de nossas igrejas denomina seus cultos de domingo à noite de “culto evangelístico” ou “culto de evangelização”. Seria essa programação uma prova convincente de que nossas igrejas evangelizam? Quem deve evangelizar? Qual a motivação para proclamar o evangelho?
UMA IGREJA SAUDÁVEL EVANGELIZA.
Gostaria de desenvolver este tema por meio das duas últimas perguntas feitas acima.
- Quem deve evangelizar?
- Por que evangelizar? Qual a motivação para a evangelização?
I- Quem deve evangelizar?
  1. Resposta: Cada crente. O livro de Atos no mostra que nos primeiros dias da igreja todos os cristãos anunciavam o evangelho (At. 8:1-4; 11:19-21). Os cristãos se tornaram as testemunhas que Jesus disse que eles deveriam ser (At. 1:8).
  2. Frase de Mark Dever: “Motivados por um senso de incompetência, apatia, ignorância, temor ou apenas sentindo que a evangelização lhes é inapropriada, os cristãos relegam-na frequentemente aos profissionais.
  3. Certa vez uma irmã disse que não evangelizava porque não tinha o dom. Que desculpa! Ela não tinha era um entendimento correto do assunto.
  4. Cada crente, inclusive o pastor. Era uma prática dos apóstolos (At. 5:40-42; 8:25). Os apóstolos levavam tão a sério a evangelização que aconselharam a igreja a escolher diáconos para servirem a mesa das viúvas, de modo que seu ministério principal não fosse prejudicado (At. 6:1-4).
  5. Aplicação:
- Assim como fez Jesus e os apóstolos, o ministério pastoral não se restringe ao púlpito, principalmente no domingo à noite apenas. Jesus evangelização indivíduos (Nicodemos, mulher samaritana, etc). Da mesma maneira, o pastor deve ter uma agenda que envolva evangelismo pessoal.
- O exemplo do pastor é uma motivação para os irmãos.
- Quando cada crente estiver evangelizando, a igreja não terá dificuldades de fazê-lo coletivamente (cultos evangelísticos, visitas, discipulados, etc).
II. Por que evangelizar? Qual deve ser a nossa motivação?

A. A compaixão pelos perdidos (Mt. 9:35-38). Jesus percorria todas as cidades e povoados, pregando o evangelho. Ao ver a condição das pessoas que o seguiam, compadeceu-se delas. O verbo compadecer deriva da palavra entranhas, na língua grega. Pedro diz que Judas, precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas suas as entranhas se derramaram (At.1:18). O sentido éque a compaixão move nosso íntimo, a tal ponto que somos levados a uma reação. Édiferente de pena, que apenas contempla e sente algo.
- A compaixão de Jesus pelos perdidos o levava a evangelizar constantemente e exortar os discípulos rogarem a Deus por mais trabalhadores (vs.38).
- Aplicação:
A falta de uma visão correta da condição da pessoa sem Cristo impede que nutramos compaixão por ela. Olhe para além dos aspectos físicos e sociais. Veja a miserável condição do perdido. Ele é inimigo de Deus. Ele está morto em seus pecados.
    1. Outra motivação é o amor a Deus
      1. Amor que se evidencia pela obediência.
-“Se me amais, guardareis os meus mandamentos.” (Jo.14:15). Jesus deixou uma ordem bem clara em Mt. 28:18-20 e At.1:8.
      1. Amor que deseja ver Deus glorificado (Fp.2:11; Rm. 15:8-9)
- Quando pessoas se arrependem de seus pecados, confessando Cristo como seu Senhor e Salvador, Deus é glorificado.
Aplicação:
- Alguém pode até obedecer sem amar, mas ninguém poder amar verdadeiramente e sem obedecer.
- Deus zela pela sua glória. Ele não a dá a outro (Is.48:11). Se o amamos, também vamos ter este zelo.
- C. S Lewis observou que os amantes louvam e exaltar o objeto de seu amor. Por que, então, não anunciar as boas novas para que aquele a quem amamos seja conhecido e exaltado? Que amor é este?
- No final das contas, o amor a Deus é o grande e suficiente motivo para evangelizarmos. Foi essa a conclusão de John Cheesman, quando disse: “O amor a Deus é o único motivo suficiente para a evangelização. O amor próprio leva ao egocentrismo; o amor aos perdidos falhará no caso daqueles a quem não conseguimos amar e quando as dificuldades parecerem insuperáveis. Somente um profundo amor a Deus nos manterá seguindo seu caminho, declarando seu evangelho, quando os recursos falharem.
Para concluir, gostaria que você reconhecesse a importância das boas novas de Jesus Cristo. Do contrário, evangelizar não será mais do que uma incumbência desagradável ou impulso ocasional, como disse Mark Dever. Ele ainda diz: “...quando a mensagem da cruz conquistar nosso coração e cativar nossos pensamentos, nossa língua não se retrairá, embora seja vacilante, gaguejante e imperfeita. Como disse Jesus: a boca fala do que está cheio o coração (Mt.12:34).”
Do que está cheio o seu coração? Nossas palavras e atitudes revelarão.