Como Acontece o Novo Nascimento?
Texto:
1Pe. 1:13-25
Introdução
É
natural a gente reagir surpreso, ao ouvir pela primeira vez uma informação
desconhecida. Nicodemos é um exemplo
disso. Quando Jesus disse que “se
alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo.3:3), o
religioso retrucou: “como pode um homem
nascer, sendo velho?” (Jo.3:4). Isso
se dá pelo fato de o novo assustar o mortal, em razão de ele estar acostumado
com o convencional, bem como ter que ferir o seu orgulho.
Essa
compreensão é importante, porque acerca do assunto do novo nascimento, algumas
desavenças têm surgido. De um lado,
há quem defenda a ideia de que o homem é o grande responsável pela sua
decisão; de outro lado, há quem sustente que somente o Deus soberano pode
proporcionar fé suficiente para uma pessoa receber o que foi providenciado
em Cristo Jesus. Quem está certo? Quem faz com que o novo nascimento
aconteça?
Para
saber a resposta, é necessário voltar ao histórico do homem pós-queda. Segundo a Bíblia, Deus considera o
homem morto nos seus delitos e pecados (Ef.2:1-3) e impossibilitado
de decidir por si mesmo. Além disso,
esse estado é caracterizado pelo valor que ele dá ao pecado (Jo.3:19-20). Dessa forma, a incapacidade de o homem
nascer de novo é tamanha, que pode ser comparada a um “beber que não decide quando acontecerá o seu nascimento... ou quando
acontecerá a sua concepção” (John Piper, p.78).
Diante
dessa controvérsia, demos uma olhada na passagem objeto da nossa abordagem, e
tiremos algumas lições sobre o tema: como
acontece o novo nascimento? Vejamos como isso possível!
I.
Pelo Pagamento do Débito
(v.18-19)
A.
Lembremos que Pedro começa a sua carta,
enaltecendo a Deus, pela sua graça concedida aos salvos, com o objetivo
de regenerá-los para uma viva esperança (v.3). E segue desafiando-os a se portarem de forma sóbria (v.13sss).
Ao fazer isso, ele fundamenta o seu desafio aos cristãos, chamando a
atenção deles para o preço da redenção dos salvos (v.18-19).
B.
O sangue do Cordeiro foi o preço
pago pela vida espiritual de todo o que recebe Cristo como seu Salvador (v.19).
O preço pago é contrastado com o que
é corruptível (v.18), ficando em destaque a infinitude do que Cristo
ofereceu para resgatar os seus (v.19). Pedro,
também, faz questão de informar que foi um preço planejado (v.20); cujo
objetivo é que o pecador adquira esperança em Deus (v.21).
C.
Esse preço é tão importante, que em
todas as épocas, o homem foi salvo por esse único sacrifício. Até mesmo ao longo dos sacrifícios e
ofertas feitos no AT, tudo apontava para o Cordeiro de Deus que tira o pecado
do mundo (Jo.1:29). Pois como disse
o autor da carta aos hebreus: “é
impossível que sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb.10:4). Mas quanto ao sacrifício que o Senhor
ofereceu, afirma o mesmo autor: “Jesus,
porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados,
assentou-se à direita de Deus” (Hb.10:12).
D.
Por isso que, o crente em Jesus é
imperecível, pois Deus o chama: “para uma
herança incorruptível” (v.4). O
chamado na graça é um chamado novo, e também um chamado para a vida eterna. Diz Pedro que Deus “nos regenerou para uma viva esperança”
(v.3).
E.
Aplicação
1. Não
fosse Cristo ter descido da sua glória e ter se colocado em nosso lugar,
estaríamos perdidos como qualquer outro homem. Somos o que somos pelo preço pago por Ele. Deus pagou o preço do nosso regaste, ao enviar Cristo para suportar
a sua própria ira. Foi isso que
Paulo quis dizer ao afirmar: “com efeito,
condenou Deus, na carne, o pecado (Rm.8:3). Também escrevendo aos gálatas, Paulo afirma que “Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gl.3:13).
2. Diante
disso, o nosso papel é a cada dia vivermos uma vida de gratidão pelo que Deus
tem feito em nós, por meio de Cristo, através do nosso testemunho. Que a nossa fala, o nosso olhar, os lugares por onde andamos, as decisões que tomamos, as coisas que valorizamos possam nos
denunciar como pessoas, cuja vida foi alcançada por esse preço (cf.Hb.10:19-23).
Aqui
está a primeira forma de como “acontece o
novo nascimento”. Pelo Pagamento
do Débito.
II.
Pela Ressurreição de Cristo
(v.3-4)
A. Para o preço ser pago, foi necessário que Cristo viesse à vida dentre os mortos. Aqui é importante a gente observar que, ao longo da história bíblica, muitas pessoas foram ressuscitadas, mas as mesmas morreram novamente. Porém, a ressurreição de Cristo foi única e singular, por ser Ele as primícias dos que dormem. Paulo ao falar do assunto afirmou: “mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos. Sendo ele as primícias dos que dormem” (1Co.15:20).
B. A salvação do pecador acontece em união com Cristo. Paulo ao falar desse assunto, disse que, “fomos, pois, sepultado com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos em novidade de vida” (Rm.6:4). Tão séria essa questão, que o mesmo apóstolo disse que “se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Co.15:17). Mas como já vimos, Paulo sustentou, dizendo: “mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos. Sendo ele as primícias dos que dormem” (1Co.15:20).
C. Aplicação
1. Queridos, como afirmado em (Rm.6:23) que “o salário do pecado é a morte”, havia a necessidade de que algo fosse feito pelo pecador. Por isso que Cristo veio, sofreu, morreu e ressuscitou. Ele tragou a morte pela vitória. Sua ressurreição foi um golpe na morte.
2. É a ressurreição de Cristo que nos garante uma morada eterna. É por sua ressurreição que desfrutaremos por toda a eternidade da presença divina, louvando-o dia e noite, dizendo: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e a força, e honra, e glória, e louvor” (Ap.5:12).
3. É por causa da ressurreição de Cristo que Deus “enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor” (Ap.21:4). É também pela ressurreição de Cristo que Deus julgará todo o aquele que não deu crédito a sua vontade (Ap.21:8).
Aqui
está a segunda forma de como “acontece o
novo nascimento”. Pela Ressurreição
de Cristo.
III.
Pelo Chamado Eficaz (v.14-15)
A. Se existe uma verdade nesse universo, é o fato de que Deus não trabalha em vão. Tudo que Ele fez para salvar o pecador, que inclui o pagamento do débito e ressurreição de Cristo, tem um propósito. E esse propósito é que o crente viva em obediência ao seu Senhor, e, inclusive, imitando-o em sua santidade (v.14-15).
B. Para compreender esse chamado, é importante entender que há uma diferença entre “ouvir” e “ouvir em obediência”. Em relação ao primeiro, a “pessoa pode até ter contato com o evangelho, aparentemente obedecê-lo, mas a pessoa continua morta”. Já no segundo, a “pessoa ouve a voz soberana de Deus, e isso não penetra somente aos ouvidos, mas alcança o coração, proporcionando vida”. E é a essas pessoas que o desafio de Pedro é dirigido. O apóstolo chama essas pessoas de “filhos da obediência” (v.14). Esse é o tipo de chamado que “abre os ouvidos do coração surdo e faz Cristo ser visto como a pessoa extremamente valiosa que ele é” (Piper, p.85).
C. A força desse chamado está relacionada ao instrumento pelo qual o crente é alcançado- a Palavra da verdade (v.22-23). Essa Palavra, segundo, Pedro, é “viva e permanente” (v.23b). Daí, ele chamar a atenção dos seus leitores, dizendo: “ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada” (v.25b).
D. Aplicação
1. Portanto, meus queridos, não se deixem enganar com a ideia de que ser cristão é apenas freqüentar uma determinada igreja. O novo nascimento à luz da Bíblia é o de uma nova criatura (2Co.5:17). É um chamado a viver diferente do antigo sistema, quando a pessoa vivia sem Cristo.
2. Significa dizer que, sua conversa, seu comportamento, suas companhias, suas atitudes, sua vida, etc., precisam ser alterados. Importante, entender aqui, que não se trata de alguém fazer essas coisas para ser salvo, mas que aqueles que entregaram sua vida a Cristo, têm por dever manifestar esse novo comportamento. “Sede sóbrios e esperai inteiramente na graça” (v.13) é a palavra de ordem.
Conclusão
Aqui
estão três princípios, dentre outros, que integram o processo de como se dá o novo nascimento. Tudo começa com a disposição de Cristo em pagar uma dívida altíssima que tínhamos para com Deus, ou seja, Ele fez:
1.
O Pagamento do Débito;
Para
concretizar esse pagamento, Deus tirou o Senhor dentre os mortos, por meio:
2.
Da Ressurreição de Cristo;
E
providenciado tudo que fosse necessário para a nossa salvação, Ele nos atraiu para Si, por meio:
3.
Do Chamado Eficaz
Que o Senhor mantenha essas verdades
em vossos corações!