A Santidade Que se Faz Necessária
em Tempos Difíceis
Texto:
1Pe.1:13-21
Introdução
Semana passada, fui ao
cabeleireiro, e ao chegar lá, fui surpreendido com uma película na porta
de vidro. Do lado de fora era impossível ver qualquer coisa que estava do
lado de dentro. Eu não sabia se batia na porta ou se voltava para casa. Em meio
às dúvidas, fui recepcionado pelo dono do salão, que via do lado de
dentro, a minha indecisão do lado de fora.
Enquanto pairava em minha mente
algumas dúvidas, ele me disse: “Adão, de
agora em diante, o salão funcionará com a porta trancada”. E brincou
dizendo: “estou informando aos clientes
que aguardam a sua vez, que eles servirão de porteiros, e sempre que
alguém chegar, um deles tem que destrancar a porta”. E, concluiu
dizendo: “estamos em fase de adaptação”.
Queridos, qualquer tentativa desta natureza é uma decisão de “autodefesa”,
quando alguém está sob ameaça em determinada circunstância.
Na vida cristã não é diferente,
diante dos desafios que enfrentamos, quase sempre, nos posicionamos com
atitudes de “autodefesa”. Essa era a
tendência dos leitores de Pedro. O contexto é de perseguição, desafios,
tempos de muitas dificuldades, etc. E os leitores do apóstolo em meio a
tudo isso, corriam o risco de se autoproteger indevidamente. O mesmo ocorre
conosco, é assim que agimos.
Diante desse mal em potencial,
Pedro os lembra da sua eleição (v.2), os informa da
gloriosa esperança a que foram chamados (v.3) e os desafia a enfrentarem
as lutas com equilíbrio (v.6). Mas vejam que, não era suficiente eles, apenas,
lembrarem dessas coisas, mas assumirem um estilo de vida santa, o qual
serviria de antídoto contra as medidas de autodefesa.
Diante disso, quais são as atitudes
que classificam os crentes como tendo um estilo de vida santo, diante de
determinadas circunstâncias? Em outras palavras: como agir à maneira de Deus? Vejamos
um vislumbre disso!
I. Concentrar-se na Graça de Cristo v.13
“... esperai inteiramente na graça...”
A. E expressão “por isso” é usada pelo escritor, para chamar a atenção dos seus leitores para o que acabara de dizer entre os (v.3-12). Em outras palavras, “concentrar-se na graça de Cristo”, é e deve ser resultado da manifestação das misericórdias do Senhor em nossas vidas, por meio da obra de Cristo.
B. O reconhecimento dessa obra realizada por Deus em nosso favor, deve nos levar a cercar a nossa mente de cuidados, de forma a protegê-la dos desvios que podem atingi-la. Por isso Pedro diz: “cingindo o vosso entendimento”. Esta é uma metáfora/ analogia/ comparação extraída das vestimentas orientais, em que as pessoas usavam longos vestidos, os quais eram assessorados por um cinto na altura do peito. Sempre que havia maior necessidade de mobilização, parte da roupa era suspendida e presa sob o sinto, deixando a pessoa mais ágil.
1.
Ilustração
Talvez uma boa ilustração seja um
vestido cumprindo que uma mulher de nossos dias, usa; e quando quer andar sem
maiores impedimentos, suspende-o com as mãos.
C. Então, a advertência de Pedro, é que devemos proteger o nosso entendimento, isto é, ser firme nos pensamentos que devem estar de acordo com o que recebemos em Cristo. Além disso, observe que, cingir o entendimento, deve ter como desfecho a sobriedade: “sede sóbrios”. A ideia aqui é a de não ser embriagado por qualquer outra forma de ver e agir na vida, diante dos desafios advindos por ser cristão.
D. Desta forma, o chamado do crente é se agarrar ao que surge da graça, cuja fonte é Cristo Jesus, pois diz Pedro: “esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo”. A frase “revelação de Jesus Cristo” refere-se ao nosso resgate final. É uma descrição escatológica, mostrando que, por mais que tenhamos raízes neste mundo, entendamos que um dia, seremos resgatados.
E. Ilustração
Alguém foi feliz quando disse: “O cristão pode viver agradecido
por todas as misericórdias do passado, resolvido
a enfrentar o desafio do presente e com a esperança certa de que em Cristo o melhor está ainda por chegar”
F. Aplicação
1. É por essa
razão que Pedro nos chama a atenção para fixarmos os olhos na graça de Cristo.
Conforme diz o salmista: “a tua graça é
melhor do que a vida” (Sl.63:3). Essa é a mesma razão de Paulo dizer:
“Porque,
se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer,
pois, morramos ou
vivamos, somos do Senhor” (Rm.14:8).
2. Não é à toa
que Satanás tenta de todos os modos influenciar o cristão a recusar-se a se
submeter aos planos do Mestre, mesmo em momentos difíceis. Ele é um sujeito
preso ao aqui e agora. Mas Pedro quer que coloquemos os nossos olhas no que
temos de melhor.
Eis aqui a
primeira atitude de um estilo de vida santo, diante de determinadas
circunstâncias. Concentrar-se na Graça de Cristo.
II. Recusar Atitudes do Antigo Estilo de vida v.14, 17c
“... não vos amoldeis...”, “portai-vos com temor...”
A. O mundo de onde os leitores de Pedro vieram era de pura ignorância. Era um mundo onde nada menos que a imaginação humana era a senhora dos prazeres. Mas vejam que houve uma transição com aqueles aos quais o apóstolo escreve sua carta. Ele os chama de “filhos da obediência” (v.14a). A expressão dá a entender que ser filho é “levar uma vida que expresse obediência” (Ênio Mueller, 1Pedro- introdução e comentário, p.100).
B. E por serem filhos da obediência, eles deveriam recusar a antiga forma de pensar e agir “... não vos amoldeis às paixões...” (v.14). A exortação de Pedro tem três elementos importantes:
1. O tempo das
antigas paixões ficou para trás “que tínheis”. Isso significa que agir como outrora não combina mais
com o crente.
2. Essas
paixões eram resultado da ignorância “na vossa ignorância”. Mas agora eles haviam sido resgatados,
iluminados para obedecerem a um novo sistema.
3. Eles são
desafiados a serem diferentes “não vos amoldeis”. Traz a ideia de não “assumir a forma de
alguma coisa” (Ênio, p.101), neste caso, referindo-se as paixões do passado.
Podemos ver o mesmo desafio em (Rm.12:2).
C. Tendo apontado o que eles não deveriam fazer, Pedro os desafia a seguirem o caminho oposto, pois diz ele: “tornai-vos santos... em todo o vosso procedimento” (v.15b). A frase “em todo o vosso procedimento”, indica cada atitude que o crente possa manifestar, refere-se ao todo de sua vida. E qual é o ponto de referência? Responde Pedro: “segundo é santo aquele que vos chamou”. (v.15a). Deus é o padrão do que é certo e errado.
D. O (v.17) reforça o chamado de Deus para os seus filhos, diante de determinadas circunstâncias. “Portai-vos com temor”, é um chamado a se lembrarem do Deus que fala tanto no AT quanto no NT, chamando os crentes a viverem de conformidade com a sua vontade. E, vejam, que esse desafio vem acompanhado de uma advertência “Ora, se invocais como pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obra de cada um...”. (v.17a).
E. Aplicação
1. Queridos,
querer viver do modo como vivíamos antes de conhecer a Cristo, é tentar
alimentar a nossa antiga religião, composta de muitos deuses. E isso se chama
idolatria. E como disse um pregador: “onde
há idolatria, há um deslocamento da pessoa de Deus” (Pr. Roque
Albuquerque, Novo Perspectiva em Paulo- vídeo). E Pedro queria que não
somente os seus leitores, mas a todos quanto sua carta alcançasse, fugissem
dessa postura.
2. Precisamos
por exemplo, abandonar a busca por justiça, numa sociedade de valores
destorcidos. “Paixões carnais” no
(v.14), provavelmente, estejam associadas a reivindicar os direitos por meio do
protesto. Não vamos esquecer que o nosso alvo deve ser a manifestação do nosso
General (v.13b).
Eis aqui a
segunda atitude de um estilo de vida santa, diante de determinadas
circunstâncias. Recusar Atitudes
do Antigo Estilo de vida.
III. Focar o Melhor de Deus em Cristo v.18-21 esp. 21
“... de sorte que a vossa fé...”
A. Deus, da ótica de Pedro, não pagou o preço da redenção dos seus eleitos, com qualquer coisa (v.18). Essa informação eleva o valor que os salvos devem dar à obra da redenção (2:1). Ao falar do melhor de Deus, Pedro destaca algumas preciosidades:
1. A redenção
dos eleitos é um fato. “Sabendo que... fostes resgatados...” (v.18). Deus não tentou
alcançar um coração duro, Ele quebrou esse coração duro e inclinou-o para Si. E
os que foram atingidos por essa graça, têm consciência disse, pois diz “sabendo que...”.
2. A redenção
dos eleitos resulta de um planejamento na eternidade passada e se cumpre
na morte de Cristo. “Pelo precioso
sangue... conhecido... antes da fundação do mundo... porém manifestado...”
(v,19a, 20a). O preço da nossa redenção não resultou de um acidente na
história.
3. A redenção
é confirmada por um evento histórico. “o qual o ressuscitou dentre os mortos”
(V.21a). A morte não deteve Cristo, visto que Ele veio com um propósito: “por causa da nossa justificação”
(Rm.4:25).
B. Depois de dar toda essa explicação, Pedro então desafia os seus leitores a focar o melhor de Deus, quando diz: “de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus” (v.21b). Mais uma vez, devemos lembrar que “fé e esperança” estão relacionadas à expectativa do crente acerca da volta de Cristo. Isso significa que o mundo até pode assolar o cristão, mas em meio a tudo isso, ele permanece de olho no seu Galardoador.
C. Ilustração
Na “igreja conta sua bênção”,
diz que em um dos cultos onde as pessoas deveriam formar uma fila e contar sua
“bênção”, uma senhora disse: “pastor, eu fui salva por Jesus”.
Aquele homem não se contentado com o testemunho, sugeriu: “irmã, agora, conta a bênção”.
D. Aplicação
1. Irmãos,
esse é um evangelho falso. As pessoas não se satisfazem com o que Deus lhes
oferece em Cristo. Essa postura fabrica crentes enganados e enganadores. Mas a obra de Cristo é única, singular. É um
projeto elaborado na eternidade passada, cumprido num tempo
pontual, e aplicado à vida dos eleitos.
2. Não
deixemos nos enganar, andemos com Deus independentemente do contexto em que
vivemos. Como disse alguém: “o mundo está
em crise, mas Deus não está em crise”. Portanto, sigamos o conselho do
escritor da carta aos hebreus, que diz:
“também nós, visto
que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de
todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a
carreira que nos está proposta,” (Hb.12:12).
Conclusão
O mundo em
que vivemos está desenfreado em suas loucuras, porém, nós não temos que perder
as estribeiras, mas em vez disso, podemos mirar uma vida santa, que chama o
crente a:
1. Concentrar-se na Graça de Cristo;
2. Recusar Atitudes do Antigo Estilo de vida e;
3. Focar o Melhor de Deus em Cristo.
“porque escrito
está: Sede santos, por que sou santo” (v.16).